domingo, 25 de abril de 2010

A MALDIÇÃO DE SARAH ELLEN


A MALDIÇÃO DE SARAH ELLEN


A história da maldição de Sarah Ellen foi revelada primeiramente durante o programa de TV Cristina Show, apresentado nos Estados Unidos, que reuniu diversos especialistas em vampirismo. Na ocasião, um dos convidados assegurou à jornalista Cristina Saralegui que John Roberts, (um homem que estava sendo comparado com o conde Drácula), teve três mulheres e uma delas, Sarah Ellen, estava enterrada em Pisco, no Peru. Na lápide do túmulo está gravada numa cruz a seguinte dedicatória: "À minha adorada esposa Sarah Ellen, nascida em 1872 e morta em 1913."

Sarah Ellen fora executada em 1913 na cidade inglesa de Blakburn e enterrada em 1917, quatro anos depois de morta, num cemitério peruano. A lenda diz que, antes de morrer, Sarah ameaçou, lançando uma maldição, voltar depois de 80 anos "reencarnada numa bonita mulher", para vingar-se dos mandantes de sua execução e da de suas irmãs Andrea e Erika, todas acusadas de assassinato, bruxaria e magia negra.

Depois de Sarah Ellen ser executada na Inglaterra, John Roberts viajou por diversos países do mundo tentando conseguir permissão para enterrar o corpo de sua esposa, mas não obteve êxito até chegar ao porto de Pisco, onde finalmente a mulher foi sepultada. Erika foi enterrada na Hungria e Andrea em algum lugar secreto do México. Jonhn Roberts desapareceu após o sepultamento de Sarah Ellen. Três meses depois da descoberta, a cidade peruana de Pisco, a 200 quilômetros do sul de Lima, ficou respirando suspense, com todo mundo aguardando a ressurreição da mulher Vampiro... A perturbação aumentou mais depois que se soube da data da ressurreição de Sarah Ellen: 9 de julho de 1993. O dia estava perto...

No início da semana marcada, a lápide, até então intacta, começou a rachar. Sinal de mau agouro. Desde então, foi uma romaria só ao túmulo 118, diante da lápide fria da sepultura de Sarah Ellen. O túmulo foi visitado por curandeiros, amantes do esoterismo, caravanas que chegavam de todas as procedências para rezar em conjunto e depositar flores para que a mulher Vampiro não saísse de sua cripta e por centenas de curiosos vindos das diversas partes do país. Câmaras de televisão foram instaladas no cemitério e por algumas semanas, a pequena cidade peruana esteve em todas as TVs do planeta. Todos esperando pela ressurreição da mulher Vampiro.

Vendedores aproveitavam a ocasião para vender tudo relativo a Vampiros. A gráfica da cidade transformou a maldição numa história em quadrinhos: "Sarah Hellen fue Nejor".

Aproveitando o interesse na opinião pública despertado em todo o país, uma editora anunciou para os próximos dias o lançamento de um livro sobre O Lado Nobre e Amoroso de Sarah Ellen. Um empresário resolveu combater o vampirismo da recessão peruana vendendo um "Kit anti-Drácula". Por dois dólares e meio levava-se manual de instruções, cruz, estaca e martelinho de legítima madeira inglesa. Ele explicou que tinha ainda um detalhe: "Toda esta madeira foi importada e não pode ter nenhum prego, nada de metal". Segundo ele, isto é muito importante, somente assim o kit anti-Vampiro poderia funcionar com eficiência.

A pequena cidade costeira de 50 mil habitantes começou a procurar avidamente proteção contra a Vampira. Em Pisco, o alho dobrou de preço durante uma semana devido a grande procura. A maioria das casas da cidade possuíam réstias de alho penduradas atrás das portas e estranhas ervas amazônicas espalhadas pelos cantos. Todo mundo sabe que Vampiro tem repelência a alho, especialmente se for alho macho, uma incrível variedade peruana que produz dentes do tamanho de uma maçã. Este alho, devido ao tamanho descomunal, produziria efeitos bem maiores. "Isso mesmo, comprem bastante alho!" Aconselhou um animado produtor de alho...

A freqüência nas igrejas cresceu repentinamente e o número de missas subiu para nove por dia. O padre Belinho, que já encomendou milhares de almas, diz que é inútil especular: "Depois de 80 anos, ou a Sarah Ellen está no céu como santa ou embaixo, no calor". O Bispo de El Callao, porto vizinho a Pisco, dom Ricardo Durand, pediu calma aos fiéis e o psicanalista Fernando Maestre advertiu para as fantasias do inconsciente.

Entretanto, em 9 de julho, a notícia foi capa dos principais jornais: El Popular, "Mulher Vampiro Deja Mensaje a Espiritista", Notícias, "Avalancha de Perledista por "Ressurecion" de Sarah Ellen", El Libertados, "Todo el Peru a la expectativa. EL 9 DE JUNIO: ¿RESSUSCITARA LA MUJER VAMPIRO ?" E outros: "Vampira Ressuscita Moy". Os jornais do resto do planeta também não deixaram de divulgar o incidente. O dia chegou...

"Vista assim do alto a pequena pisco até parece dormir em paz. Mas lá embaixo... Exorcismo, estacas, cruzes de madeira. Afinal, estamos no Peru ou na Transilvânia?" Estas foram as palavra do repórter Paulo Henrique Amorim ao introduzir uma reportagem para o Fantástico feita no próprio local.

Dezenas de pessoas de todos os lugares do mundo amontoaram-se em torno do túmulo, com destaque para um grande número de mulheres vestidas de negro e usando argolas vermelhas. Elas depositavam flores e acompanhavam com cânticos o som de violinos dos músicos contratados para o grande dia.

Também quatro curandeiros esperavam pela meia noite diante do túmulo da mulher Vampiro realizando estranhos rituais de limpeza, enquanto centenas de pessoas esperavam do lado de fora o desfecho do caso.

As autoridades aumentaram a vigilância no cemitério, principalmente em torno do túmulo de Sarah Ellen, pois não descartaram a possibilidade de profanação. A polícia tentou impedir, mas os pisqueiros e turistas pareciam hipnotizados pela Vampira, invadiram o cemitério, pisaram túmulos, derrubaram lápides...

No meio da multidão, uma figura exótica atraiu todos os microfones, tratava-se de uma auto proclamada feiticeira, jornalista e astróloga nas horas vagas, que fazia orações e jogava pétalas para o alto.
Um afoito jogou sangue na lápide que já estava enegrecendo de tanta fumaça de velas. Emissoras de rádio anunciam ao vivo do cemitério de Pisco, à zero hora local, que "a maldição não se cumpriu" , enquanto em diversas cidades do pais o caso era acompanhado com muita atenção. O público bate palmas. O coveiro, já bêbado, continua bebendo cerveja.
A luz do dia ajuda a ver melhor os estragos causados pela multidão durante a madrugada no cemitério...

Nas últimas horas, a prefeitura de Pisco decidiu decretar que 9 de julho seria o "dia do reencontro das almas pela paz" em homenagem a Sarah Ellen. E disseram que estavam decididos a entrarem em contato com as autoridades de Blackburn, para irmanar as cidades. Logo ao amanhecer, o prefeito Edgar Nunes surgiu com uma coroa de flores para depositar no túmulo de Sarah. E empolgado com o público que já invadia o cemitério novamente, o prefeito anuncia: Sarah Ellen tornou-se cidadã pisqueira, patrimônio da cidade, marco do progresso que ainda há de vir. Disse ainda que exigiria às autoridades britânicas um "desagravo" à memória de Sarah Ellen, cujo enterro não foi permitido na Inglaterra.

Uma senhora presente na ocasião exclamou que Sarah "é uma santa". Uma outra nutriu esperanças de que esta fosse a chance de ressurreição daquele lugar, onde a miséria e o desemprego atingem mais da metade da população: "Agora vão olhar para nós!" A bandinha improvisada tocava um hino religioso.

Para algumas pessoas, o fato da Vampira não ter aparecido não significa grande coisa pois Sarah Ellen poderia ter feito sua maldição em linguagem cifrada, através de um enigma. A questão é: Enquanto todos esperavam por Sarah Ellen ao lado da sepultura ela poderia estar reencarnando em algum outro lugar. Com medo desta hipótese, muitas grávidas fizeram força para que o bebê não nascesse na noite maldita. A ginecologista do hospital de pisco confirmou que o número de partos caiu para menos de um terço e a assistente social aproveitou os repórteres para pedir que doassem uma ambulância ao hospital.

A bruxa que fez o ritual no cemitério disse que ninguém deve se preocupar, pois Sarah Ellen reencarnou nela mesma só que na forma de uma Vampira boazinha.

Entretanto, os místicos afirmam que "o caso não está encerrado e que a maldição continua latente." E advertem: "Ninguém pode se sentir tranqüilo ante a ameaça de Sarah Ellen".

Hoje em dia a maioria das pessoas já se esqueceram do caso e praticamente não se fala mais sobre o assunto, mas para alguns, Sarah Ellen tornou-se parte do Folclore. Em 1998, recebi uma carta de um amigo - Ronaldo Baptista - dizendo:

"Minha namorada levou um susto quando leu o que você escreveu sobre Sarah Ellen. O pai dela era cônsul, e sua família morava na Bolívia. Em 1993, houve por lá também uma grande agitação. As crianças falavam de Sarah Ellen como numa espécie de bicho-papão. Muito interessante, porque aqui no Brasil, ninguém tomou muito conhecimento sobre o assunto".


(Shirley Massapust)

Medõ qe nos fascina

    MEDO QUE NOS FASCINA


Desde tempos imemoriais, antes mesmo do Coliseu romano, expressão máxima do horror organizado, o homem sente uma atração e um prazer inexplicável por tudo o que produza medo. A literatura, o cinema e a televisão alcançaram seus maiores sucessos mergulhando nesse mecanismo psicológico que ninguém ainda conseguiu definir.

As crianças costumam ouvir as primeiras histórias de terror da boca de seus pais e avós. "Conte uma história" é o pedido que sempre fazem quando a noite já caiu e estão deitados para dormir. Sabem que a história muitas vezes será aterrorizante, que o pai ou o avô invocarão uma vez mais a odisséia de João e Maria ou o trágico destino de Chapeuzinho Vermelho.

No final da história, fecharão os olhos sem se dar conta de que acabaram de materializar um rito que vem sendo cumprido desde a época das tribos mais primitivas até os nossos dias: conjurar o medo e invocá-lo, mesmo que o preço desse encontro sejam os pesadelos que, sem dúvida, virão com o sono.

Não é difícil descobrir quais foram os principais motivos que provocaram medo entre os primeiros homens que habitaram a Terra: os trovões, os relâmpagos, o vento, a chuva e o granizo. Cada um desses elementos foi transformado em uma divindade e para cada deus eles inventaram uma história turbulenta, dura e feroz; depois dedicaram-se a adorá-los, cantando em odes terríveis como Zeus havia sua esposa Métis ou como Prometeu, acorrentado a uma montanha no Cáucaso, sofria a condenação eterna de ter uma águia insaciável comendo-lhe o fígado dia após dia, por ter roubado o fogo dos deuses, dando-o aos homens. Desde então, o homem sente um inquietante fascínio pelo horror. Existe uma estranha entre o medo e o prazer.

O Coliseu da Roma Imperial, com sua pavorosa cerimônia de morte e sangue, é uma prova fiel desse fato: os romanos compareciam em peso aos espetáculos. O povo ia ao circo com o mesmo fervor que hoje se vai a um estádio de futebol e torcia pelos leões com a mesma paixão com que hoje se torce pelos times favoritos. Para o público do Coliseu, aquilo era uma festa, que celebravam com alegria. Hoje, causa-nos espanto vê-la produzida em filmes; no entanto, não fechamos os olhos nem saímos do cinema.

Não é por acaso, então, que o conde Drácula continue seduzindo adultos e crianças. Também não é por acaso que esse personagem da literatura tenha existido na vida real; era o príncipe romeno Vlad Tepes, a quem seus contemporâneos do século XV chamavam de "Dragão" ou "Diabo". Não há provas da afirmação que Vlad Tepes costumava beber sangue humano, mas ele tinha um hábito sinistro : empalar seus inimigos turcos. A cerimônia da empalação, sempre presenciada avidamente pelos súditos de Vlad Drácula., consistia em espetar os prisioneiros vivos em afiadas estacas de madeira e assistir à prolongada agonia dos infelizes.

Uma execução mais rápida, porém igualmente horrenda, era o espetáculo da guilhotina. Após o triunfo da Revolução Francesa, em 1789, milhares de republicanos reuniam-se nas praças para ver os condenados nobres serem guilhotinados. As crônicas da época observam que aquela execução havia se transformado em um verdadeiro evento social: as mulheres levam seus bordados e, junto com seus maridos, celebravam, gritando e cantando, cada vez que uma cabeça rolava.

Na Inglaterra puritana do século XVII acontecia algo parecido. O enforcamento dos condenados havia se transformado em ato público, aberto a quem quisesse presenciá-lo. O comparecimento era maciço; os fleumáticos britânicos chegavam de madrugada para não perder um só minuto do espetáculo. Um decreto humanitário determinou que as execuções passariam a ser realizadas no pátio da prisão, na presença

Uma das maiores fontes de terror deste século foram os campos de concentração nazistas da Segunda Guerra Mundial. As provas mais contundentes desse massacre foram deixadas pelos próprios criminosos: os comandantes alemães filmavam as atrocidades cometidas em suas prisões e costumavam a projetar esses filmes sinistros durante as tardes enquanto tomavam chá.

Muito antes de testemunhar esses crimes verdadeiros, o cinema se convertera no melhor veículo para exibir as ficções de terror, lugar que ainda lhe pertence apesar do enorme avanço da informática e das horripilantes experiências proporcionadas pela realidade virtual.

Os filmes de terror nasceram junto com a cinematografia. George Mélies, um dos pioneiros do gênero, filmou, em 1896, Escamotege d'une Dame Chez Robert-Houdin e, em 1912, A Conquista do Pólo, no qual um dos expedicionários era devorado diante das câmaras pelo Abominável Homem das Neves. Em 1915, o diretor alemão Stellan Rye estreava Der Golem, filme que recriou a figura de Golem, personagem da tradição judaica. Em 1920, Robert Wiene lançou , O Gabinete do Doutor Galigari e, em 1922, F. W. Murnau apresentou Nosferatu, dois clássicos cultuados pelos amantes do cinema.


A lista é interminável. O número de filmes retratando monstros, fantasmas, Vampiros e outras criaturas capazes de provocar medo só é superado por um gênero bastante semelhante ao terror: o filme policial. As sofisticadas superproduções atuais, recheadas de seres terríveis, assustam muito menos que as inocentes realizações clássicas: o sádico criminoso Freddy Krueger, protagonista da famosa série A Hora do Pesadelo, converteu-se em herói infantil, embora sua atividade principal fosse a de assassinar crianças e jovens.


Este é um detalhe importante, Freddy Krueger é uma criatura monstruosa, fisicamente horrível. Por que os jovens o colocaram em sua galeria de heróis? Talvez seja uma nova maneira de invocar o terror na ficção. Os monstros dos primeiros filmes obrigatoriamente horripilantes, que provocavam medo só de olhá-los, mas não passava pela cabeça de nenhuma criança daquela época colocá-los em pé de igualdade com os heróis de então. Seus espaços estavam perfeitamente delimitados. Cada vez que uma criatura horrorosa aparecia em cenas, os gritos desesperados dos espectadores (sem distinção de sexo) abafavam a melodia do piano que, com sons tétricos, acompanhava esses filmes. Dessa época são os clássicos Frankenstein, Drácula, O Lobisomen e A múmia.


Levemos o monstro para passear

Foi o que Stephen King, um dos maiores mestres da literatura de terror escreveu sobre o medo "Quando me perguntam de onde vêm minhas idéias, respondo que se originam nos meus próprios pesadelos, mesmo quando não estou dormindo. Trata-se simplesmente de saber identificar o medo, o mais antigo sentimento do homem, e que continua dentro de nós. Temos do medo de tudo: do desconhecido, do abismo, da noite, das tempestades, da selva e dos desertos. Na hora de escrever, basta pensar que aquilo que me assusta provavelmente assusta os outros. Em algum lugar dentro de nós existe uma chave que acende o medo; é aí onde se instala o conto de terror, quando está bem escrito, pois o homem sente mais atração por monstros e dragões do que por heróis. Como é impossível estar sempre lutando contra nossos próprios demônios e males, de vez em quando sentimos necessidade de levá-los para passear."


A Segunda Guerra Mundial, com seus campos de extermínio de um lado e com Hiroshima e Nagasaki de outro, colocou em maneiras de provocar o terror. O advento da radiação atômica permitiu a imaginação de novas criaturas terríveis: insetos inocentes tomavam a forma de monstros gigantescos, lagartos transformavam-se em dragões impiedosos.

O mal também poderia vir do espaço: os OVNIs traziam terríveis seres de outros planetas que visitavam a Terra no intuito de destruir os seres humanos. Os filmes de terror do anos 50 parecia repetir os mecanismos que haviam caracterizados seus primeiros congêneres: o terror era produzido pela figura monstruosa que surgia de repente na tela. Antigamente, sua aparição era anunciada por acordes do piano colocado em um canto da sala e, depois, pelas trilhas sonoras. Somente alguns filmes de Hitchcok (como Psicose e Os Pássaros) fugiram desse padrão.

O Bebê de Rosemary, de 1968, e O Exorcista, de 1973, mostraram que o mal podia entrar em qualquer casa sem avisar e sem vestir roupas de monstro. Retornava-se às formas de terror mais antigas: bastava o nome do monstro para se sentir medo, sem precisar mostrá-lo. A Coisa e Alien, o Oitavo Passageiro são uma prova disso. Com Freddy Krueger, talvez tenha ocorrido uma curiosa contradição: despertar terror e admiração ao mesmo tempo.

No decorrer dos séculos, o ser humano pôde entre ser ator ou espectador, ou seja, podia produzir adrenalina diante de um perigo verdadeiro ou experimentar o prazer de viver aquelas situações como espectador, sem correr nenhum risco. Os romances, o teatro ou o cinema de terror jogam com esses valores. Não são mais que um passatempo, em que o perigo não é verdadeiro e tudo sempre acontece a uma determinada distância: nas páginas de um livro, num cenário ou projetado na tela. Para o sociólogo Joost A. M. Merloo, que pesquisou a sociologia do horror em situações de guerra , sentir medo, ler livros e assistir filmes de terror são atividades vitais para o comportamento humano, pois têm a capacidade de treinar as nossas defesas contra expectativas misteriosas.

Essas histórias terríveis ajudam a amenizar os nervos e a nos preparar para os verdadeiros perigos. Inconscientemente, as crianças sabem disso; querem que seus pais lhe repitam as horríveis histórias de mistério, querem tremer e sentir calafrios, preparando-se assim para os maiores temores da vida. Talvez as crianças não estejam totalmente equivocadas quando, ao cair da noite, protegida pelo calor dos lençóis, pedem aos seus pais ou avós que contem uma história com muitos fantasmas e defuntos, que lhes provoque medo.


(TUDO, O Livro do Conhecimento, pág.163)

Era dos Vampiros


A ERA DOS VAMPIROS




Como vimos, o vampirismo é uma lenda presente desde tempos remotos e em diversas regiões, no entanto, no século XVIII assistimos a uma verdadeira avalanche de casos e histórias, quase todas oriundas da Europa Oriental, que colocou em polvorosa a opinião pública e despertou a curiosidade e o espanto de filósofos, religiosos e autoridades governamentais.

Conhecido como o século das luzes, foi uma época em que o saber e a ciência davam passos consideráveis. Pensava-se que a razão tudo explicaria, e que crenças e supertições seriam coisas do passado. Por outro lado, as seitas místicas e esotéricas também aumentavam, o que fazia desta época, um tempo de contradições. Jornais franceses desta época chegaram a estampar reportagens sobre impressionantes histórias, que fazia do vampirismo um assunto dos mais destacados.

Conta-se que neste tempo, em muitas regiões da Europa Oriental o vampirismo tornou-se uma verdadeira praga, atingindo dezenas de jovens, velhos, crianças e até mesmo animais. Por esta época, segundo as narrativas, hordas de mortos-vivos assombravam de forma horripilante vilas e aldeias, fala-se que a volúpia destes espectros era tamanha que seus cadáveres eram encontrados nadando em sangue por suas sepulturas. Diante tal realidade, as autoridades passaram a encarar o vampirismo, na medida em que tratava-se de uma epidemia incontrolável, segundo muitos relatos. Para se Ter uma idéia, conta-se que soberanos húngaros, chegaram a determinar a formação de comissões para estudar o fenômeno, considerado uma praga que colocava em risco o poder do estado e das autoridades constituídas. Neste tempo, chegou-se a determinar a incineração, decapitação e perfuração dos corações de todos os cadáveres de cemitérios, onde por ventura habitassem um ou mais vampiros, na medida em que supunha-se que o vírus do vampir poderia inclusive atingir os mortos que ali jaziam. Fala-se que nesta época, fogueiras ardiam por muito tempo incinerando diversos cadáveres suspeitos de vampirismo, e que durante estes grandes rituais de incineração, todos os animais que se encontrassem na proximidades também eram queimados, pois acreditava-se que os vampiros poderiam encarnar em alguns deles, escapando assim da destruição definitiva.

"Se há no mundo uma história provada, é a dos Vampiros..." Jean Jacques
Rousseau, Carta ao Arcebispo de Paris

"Não falta nada: autos, certificados de homens notáveis, de cirurgiões, de magistrados. A prova jurídica é a mais completa. Com tudo isto, quem acredita pois nos Vampiros ?..." Jean Jacques Rosseau, Carta ao Arcebispo de Paris

"Em certas regiões da Morávia, era muito comum homens mortos aparecerem na companhia dos vivos." D. Calmet, Dissertation sur les Revenants, Vampires, de Hongrie, Bohême et Moravie, III

"As almas, possuídas por uma força estígia, voltam às vezes para cadáveres
que tinham abandonado, e então, como se estivessem ressuscitadas, cumprem
ações horríveis..." H. C. Agrippa, A filosofia Oculta, Livro III, 41.

Vampirismo



VAMPIRISMO - FASCÍNIO E MISTÉRIO

"Esta é a Era da Inocência,
a verdadeira Inocência.
Todos os Demônios são visíveis,
todos os Demônios são materiais"





No Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, segunda edição de 1986, a
palavra Vampiro está definida da seguinte forma: Do Húngaro. vampir, atr. do
al. vampir e do fr. vampire S. m. 1.Entidade lendária que, segundo superstição popular, sai das sepulturas, à noite, para sugar o sangue dos vivos; estringe. [Fem.: vampiresa] 2.Fig.Aquele que enriquece à custa alheia e/ou por meios ilícitos. 3.Fig. Aquele que explora os pobres em benefício próprio. 4. V. vampe. 5. Bras. Designação do morcego hematófago, da família dos desmodontíneos, especialmente Desmodus rotundus E. Geog.), transmissor da raiva aos bovinos. Ocasionalmente suga o homem, retirando pequenas quantidades de sangue. Tem coloração castanho parda, dorso acanelado e ventre cinzento-amarelo, 24 dentes e um só par de incisivos superiores, o que os diferencia dos demais morcegos.

Já na ENCiCLOPÉDIA BRITÂNICA existe um texto sobre lendas populares originadas na Eslováquia e na Hungria, sobre uma criatura chupadora de sangue, supostamente alma de uma criminoso ou suicida, que deixava sua sepultura à noite em forma de morcego, para beber o sangue dos humanos, tendo que voltar a sepultura antes do nascer do sol. Suas vitimas se tornavam vampiros após a morte. Essas lendas se proliferaram na Hungria entre 1730 e 1735. Também existe uma lenda da Romênia Rural que diz que os vampiros nasceram a muito tempo, devido à percepção de que os moribundos enfraquecem com a perda de sangue. Assim, pessoas de pouca cultura devem ter concluído que beber sangue restaurava as forças ou, até mesmo, que o sangue dos vivos poderia ressuscitar os mortos.

Segundo a religião ali dominante, a da Igreja Ortodoxa Oriental, as pessoas que morriam excomungadas ou sob maldição eram transformadas em mortos-vivos (chamados de Moroi) até serem absolvidas pela Igreja. Diziam ainda as lendas romenas que certas pessoas, como as crianças ilegítimas ou as não-batizadas, as bruxas e o sétimo filho de um sétimo filho, estavam condenadas a serem vampiros. Também acreditavam na existência de pássaros demoníacos, conhecidos como Strigoi, que só voavam de noite, ávidos por carne e sangue humanos.Além de trazer a morte para a vítima atacada, os vampiros também eram considerados os causadores da peste, sendo desta maneira extremamente odiados e temidos. Acreditava-se também que vampiros odiavam alho; assim, os aldeões esfregavam o tempero em todas as portas e janelas para protegerem-se de possíveis ataques noturnos dos bebedores de sangue. Em algumas aldeias, quem se recusava a comer alho tornava-se suspeito de vampirismo, especialmente estranhos recém-chegados.

O livro de Nod explica que a origem dos vampiros está diretamente ligada ao mito judaico-cristão de Caim e Abel. Diz-se que Caim, após a morte de Abel, foi amaldiçoado por Deus. A maldição não veio diretamente de Deus (pelo menos não ela toda) mas sim dos anjos que vieram a Caim exigir que ele pedisse perdão a Deus. Orgulhoso, e certo de suas convicções, Caim preferiu sofrer as punições conferidas pelos anjos à prostar-se perante Ele. O resultado disso foram as maldições que toda vampiro carrega: horror ao fogo, à luz, vida eterna e a solidão que vem com ela.. Diferente do que podia se esperar, Caim sobreviveu a tudo isso, graças em parte à Lilith, conhecida como a "primeira mulher" (expulsa do paraíso por não se subjugar aos desígnios de Deus). Ela lhe ensinou aquilo que ficou conhecido como Disciplinas Vampíricas e lhe deu conforto e amor (discute-se ainda se Lilith na verdade não apenas apresentou Caim aos seus verdadeiros dons mágicos, ou seja, às esferas de magia). Após isso, Caim se rebelou contra Lilith, por não querer mais obedecê-la, e foi viver sozinho. Conta-se que nesse meio tempo ele teria conhecido outros seres mágicos, tais como Licantropos, Fadas, Demônios, etc, até encontrar seu primeiro amor, Zillah. Nesta época ele encontrou também Crone, pessoa que o colocou sob um Laço de Sangue e ensinou-lhe o Abraço. Caim permaneceu sobre tal Laço por um ano e um dia, até atravessar Crone com uma estaca de madeira (ela foi deixada na esperança de que o Sol a dizimasse). Só então aconteceu a criação da cidade de Enoque, lugar onde foram também criados por Caim Irad e Enoque. Deles surgiram os Antediluvianos (13 no total) que numa paródia às famílias mortais criaram os Clãs. E assim a cidade permaneceu, até que os vampiros de terceira geração se revoltassem e começassem à caçar os vampiros de segunda geração, matando-os um a um. Nesta mesma época conta-se que Caim se retira definitivamente da sociedade humana-vampírica a espera do fim dos tempos, conhecido como Gehenna.

As unhas


Apesar de parecer estranho, outra caracteristica que define bem as diferenças entre os vampiros são suas unhas.Muito antes de Drácula, acreditava-se que essa parte do corpo poderia mostrar se a pessoa era ou não um vampiro.Isso porque, quando se ingressava a vida ''escura'' o corpo perdia suas unhas normais e desenvolvia outras muito mais resistentes.Em dois livros essas características são citadas.Em Entrevista com o Vampiro,Anne Rice descreve as unhas de Lestat e Louis como grossas, afiadas e opacas.Bram Stoker cita as unhas de Drácula como sendo longas, finas e extremamente afiadas.Já os vampiros de hoje, mantém suas unhas muito bem cuidadas e curtas -pelo menos é o que aparenta-.Ou alguém já viu o Edward, com garras e unhas mal feitas ??Suas unhas têm uma textura parecida com o vidro, mas de extrema resistência,é muito difícil quebrá-las.Eu poderia compará-las com as unhas dos felinos.

Os amuletos


Há uma tradição no mundo vampirico clássico: como criaturas do mal que são, não suportam nada que seja relacionado ao bem.Vampiros não entram em igrejas e templos, nem tampouco podem tocar nada que lembre isso.Crucifixos, rosários e água benta são quase mortais para os sanguessugas.Mas nossos vampiros de hoje evoluíram, e nada mais disso funciona.Tanto que nosso querido Carlisle [/querido e perfeito/] era pastor anglicano e possui uma cruz dentro da casa dos Cullen.

O alho e o caixão


Para variar, a lenda sobre o alho ser uma arma eficaz contra os vampiros começou na Transilvânia (Romênia).Os Camponeses acreditavam que essa planta afastava os seres do mal, pois era usada para curar doenças.Na cultura local tudo o que tem o poder de cura é tido como algo bom ou ''magia branca''.A partir daí o alho foi considerado eficaz tambem contra os vampiros.

Desde antes de Drácula, o mais famoso de todos,aparecer (nos livros e nos cinemas), o local de descanso dos vampiros sempre foi num caixão.Nada de camas confortáveis,redes ou sofás.Além de simbolizar que os sanguessugas não estão de fato vivos, os caixões ajudavam a protegê-los da luz do dia, caso alguém conseguisse tirar os mesmos de seus lugares.Invariavelmente, os vampiros colocavam seus caixões em porões completamente vedados, para que não houvesse a menos possibilidade de o sol penetrar no local de descanso.E os vampiros sempre dormiram durante o dia.